Amor. Ódio. Traição. Libido e paixão. São alguns desses sentimentos que o álbum “Eu
Vou Fazer Uma Macumba Pra Te Amarrar, Maldito!” nos apresenta em suas 11 faixas
(a última é uma versão em espanhol de ‘Alma Sebosa’).
Johnny Hooker é interprete e letrista desse que é um dos
álbuns mais impactantes que tive o prazer de ouvir esse ano, e é impossível não
simpatizar e colocar-se como protagonista de alguma das suas canções, repletas
de poesia e sensibilidade.
Inicia com a faixa homônima ao álbum, sendo notável já nos
primeiros versos a dor de um término de relacionamento desgastante, ‘Talvez
algum dia eu te encontre por ai, pra me desenganar, pra me fazer sorrir’. Através
da sonoridade pendendo ao brega há o arrependimento desse término, a recaída em
“Volta”, submetendo-se até mesmo a perdoar os erros de quem se foi,
reprimindo-se mais uma vez.
‘Acha que sua indiferença vai acabar comigo?’. É o
questionamento na faixa seguinte, “Alma Sebosa”. Ao perceber que o ser amado
não pretende retornar o protagonista está se fortalecendo, constata após a dor
que não precisa desse outro pra seguir em frente. “Chega de Lágrimas” é mais
agitada, representa a força interior e a vontade ser feliz e seguir, deixar o
passado para trás, apesar de ainda sentirmos a angústia nas palavras de ódio do
refrão.
O álbum segue com “Amor Marginal”, a faixa mais poética do álbum,
poesia essa transportada ao vídeo clipe lançado em setembro desse ano. Aqui transparece
a necessidade do amor carnal, do sexo e cumplicidade, lembranças que ficaram
presentes na memória do protagonista.
Com o samba de gafieira de “Segunda Chance” Hooker coloca o
protagonista na fossa da esperança de um retorno nesse relacionamento já
desgastado. Apesar da percepção que sua vida está tomando rumos melhores ainda há
esperança numa segunda chance. “Boyzinho” é a transformação, a mudança física,
o desprendimento da vida que estava levando à sombra de um relacionamento sem
volta.
“Boato” nos é apresentada através do ritmo descontraído do axé, descortinando toda
a transformação do protagonista, quase completa. Está curtindo a vida, percebeu
que o ser amado se foi, não há retorno e que o sentimento que permaneceu é
simples, verdadeiro e somente isso. Não há mais motivo para sofrer. “Você ainda
pensa?” é a última fossa, o desligamento de tudo que passou, os últimos
pensamentos já amorosos e sexuais esmorecem nesses versos ‘você ainda pensa em
mim quando você fode com ele?’. É hora de seguir, não há mais volta, pois só há
o desejo que o outro fique bem (e longe, de preferência), são os desejos dos versos
‘você também vai encontrar um novo amor’.
Hooker finaliza o álbum com o frevo de “Desbunde Geral”.
Após toda a dor que passou o ciclo termina, o Carnaval chega e há inúmeras
possibilidades de felicidade. Não há tempo há perder com o passado, a esperança
em novas possibilidades de felicidade é a mensagem final.
FAIXA INDICADA: “Amor Marginal”
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