Huaska |
A combinação do metal com outros ritmos não é novidade, mas
a forma como o Huaska está aproveitando essa mistura para construir sua
carreira é muito interessante. Formada por Rafael Moromizato (voz), Alessandro Manso (violão/guitarra), Carlos Milhomem (guitarra), Caio Veloso (bateria) e Júlio Mucci (baixo), o quinteto tem tido forte notabilidade
na cena underground nacional e no exterior, principalmente na Europa.
Após um EP (Mimosa Hostilis, 2002) e dois álbuns de estúdio
(E Chá de Erva Doce, 2006) e (Bossa Nenhuma, 2009), é com o lançamento de Samba
de Preto (2012) que a história da banda ficou realmente interessante. A
influência da Bossa Nova e o samba presentes nas composições ganham força e
participações mais que especiais, fazendo com que Huaska produza um som ímpar e intrigante.
Com arranjos de Eumir Deodato o álbum inicia com ‘Ainda Não
Acabou’, que assim como a maioria das letras da banda nos apresenta o quadro de
uma desilusão amorosa, o que muitas vezes sucumbe ao piegas, infelizmente. Segue com 'Foi-se', em que o peso da bateria e das guitarras casa muito bem com o violão entre uma
pancadaria e outra.
A faixa que dá título ao álbum traz a participação de Elza Soares, e a inconfundível rouquidão de sua voz “samba” com a distorção das guitarras,
sendo uma das músicas mais notórias da banda.
Rafael Moromizato e Elza Soares |
Chega a ser desconfortável a pouca variação na temática das composições das letras. Não pelos assuntos tratados, mas pela forma como são tratados.‘Branco
e Verde’ e ‘Otelo’ são composições dignas de um álbum de “sofrências sertanejas”,
salvas pelas cordas e ritmos bem construídos.
A letra de ‘Gávea’ é a que mais distingue da temática tratado no álbum: é a narração de uma partida
de futebol de várzea. Aqui a banda coloca mais um elemento nessa receita tão
inusitada: futebol + metal + bossa. Corajosos!
‘Avoar’ é a reflexão sobre estar preso, apesar de toda
liberdade que nos é apresentada e a escolha em seguir a vida conforme suas
próprias vontades, sem esperar um alguém. O peso das guitarras dá uma trégua e a influência da Bossa
nas faixas ‘O mar’ (também com arranjos de Deodato) e ‘Let’s Bossa’ torna-se mais evidente.
Eumir Deodato |
A cereja do bolo é a faixa final, com o padrinho Deodato
ainda presente nos arranjos. ‘Chega de Saudade’, um dos clássicos da Bossa Nova
ganha peso e divide opiniões. Uma releitura que soube seu lugar, respeitando a
canção original e somando o peso do metal.
Huaska não é um som comum, é incômodo de ouvir em certos aspectos pelo excesso de letras que nos remetem ao gênerofalido“emocore”. A forma como são construídas tem a linha de pensamento adolescente, o que não condiz com a seriedade musical apresentada nas melodias. Mas é indiscutível que a coragem dos músicos em unir
dois gêneros tão distintos e com ouvintes tão fiéis é o que está tornando a
banda um dos grandes expoentes da música brasileira no exterior. Independente
de gostar desse ou aquele gênero ouvir Huaska é uma experiência que vale a
pena.
Huaska não é um som comum, é incômodo de ouvir em certos aspectos pelo excesso de letras que nos remetem ao gênero
FAIXA INDICADA: “Samba de Preto”
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